orivaldo robles

Geral

Primeira missa

Na Catedral de Nossa Senhora da Glória, nesta noite, acontece a primeira missa de corpo presente do monsenhor Orivaldo Robles, com presença de muitos fiéis. A segunda está marcada para as 21h.

Verdelírio

Os doentes

O padre Orivaldo Robles continua internado no Hospital Maringá mas já deixou a UTI. O jornalista Joel Cardoso (foto) foi submetido a cirurgia do ombro e está em casa em período de recuperação. O advogado Alcides Siqueira, ex-presidente da Acim, deixou a Santa Casa de Misericórdia e já está em casa se recuperando do AVC.Continue lendo ›

Verdelírio

Reescrevendo

Livro

O querido Padre Orivaldo Robles, que com 75 anos nem pensa em parar de trabalhar, mesmo não estando com a saúde 100%, está encarando uma nova missão. Para comemorar os 60 anos da Catedral de Maringá, resolveu reescrever: “A Igreja Que Brotou da Mata”.Continue lendo ›

Crônica

Estes também votam

Do padre Orivaldo Robles:
padreorivaldoEra minha intenção expor ideias que me ocorrem especialmente no período eleitoral. Coisas assim:
1. Coragem ou cara-de-pau de uns que pleiteiam cargos eletivos. Ou confiam demais no próprio taco, ou dispõem de muito dinheiro para jogar fora, ou, quem sabe, padecem de orgulho patológico, que os leva a se acharem o último biscoito do pacote. A menos que pratiquem artimanhas desconhecidas de cidadãos ingênuos, como eu.
2. Trinta e dois partidos políticos. Vai saber se não chegarão a 38, 42 ou 50? Será que espelham mesmo 32 distintas propostas de condução do país? Ou meros artifícios para fatiar o bolo do poder? E a “genialidade” de 39 ministérios? Lúcio Costa projetou a Esplanada com 17 prédios, mais do que suficientes.
3. Político profissional. É a carreira mais cobiçada, ao lado de futebolista de sucesso ou banqueiro. Por que todos querem agarrar-se ao poder até à morte? Por que fazem de tudo para colocar os parentes na mesma “profissão”? Em todos os Estados do Brasil existem cônjuges, irmãos, filhos, sobrinhos, netos, até cunhados no caminho do coronel da família. Dizem que o poder é afrodisíaco. Deve ser.
Pensava trazer ao leitor uma reflexão nessa linha. Mas tive a atenção desviada para algo mais banal. E deprimente. Que acontece bem diante do nosso nariz.Continue lendo ›

Crônica

A mãe do padre

Do padre Orivaldo Robles:
padreorivaldoNo anedotário esportivo todo árbitro de futebol tem duas mães: a que fica em casa e a que entra com ele em campo. Ele nem botou ainda o pé no gramado, basta apontar no túnel com a bola na mão e já as duas torcidas homenageiam sua genitora. Ninguém dá a mínima para seu nome ou currículo, se ele é principiante ou faz parte do quadro da FIFA. Mas sobre sua mãe todos têm opinião formada.
Felizmente, não é meu caso nem o dos colegas. O povo ignora se padre tem mãe. Nem dela faz a mínima ideia. Cá entre nós, se é para lembrá-la como a do juiz de futebol, melhor mesmo que a esqueça. Pode parecer estranho, mas há pessoas que levam um susto quando descobrem que padre também nasce de uma mulher igual às outras.
Dizem que mães são todas iguais, só muda o endereço. Não sei se vale para mães de padres. Elas parecem diferentes. Continue lendo ›

Crônica

Querido Gonzaguinha

orivaldoOutro dia, me dei ao cuidado de conferir a letra de “O que é, o que é?”, imortal samba de Gonzaguinha, falecido há 22 anos (tudo isso já?) em acidente no Sudoeste do nosso Estado. Nunca o tinha feito. Que riqueza de inspiração! Ele bem que podia ter durado mais que os seus poucos 45 anos. Ainda estaria produzindo coisas belíssimas, de valor incontestável. Muito melhores que as tolices de pretensos compositores, que frequentemente nos obrigam a ouvir em altíssimo volume. Sem pedir licença, alguns “donos” das ruas enfiam essas porcarias em nossos ouvidos. Nós, pobres vítimas, que podemos fazer?
Há tempo, venho-me convencendo de que atravessamos a era da mediocridade feliz. Na minha pobríssima opinião – que ninguém pediu, eu sei, e a poucos interessa –, grande parcela da sociedade vai sendo tangida por uma crescente imbecilização feita de desprezo do belo, do bom e do verdadeiro.Continue lendo ›

Crônica

A fila do SUS

Do padre Orivaldo Robles:
Quando pároco de Santa Maria Goretti, uma das três missas de domingo eu celebrava às sete da manhã. A assembleia compunha-se, na sua maioria, de pessoas cinquentenárias. Facilmente se via que não era a missa de maior participação dos jovens. Boa parte deles, após uma noite de balada, estava voltando para casa, enquanto os pais se preparavam para ir à igreja. Por brincadeira, até os frequentadores chamavam-na a “missa da tosse”. De maio a agosto, época do frio, era difícil discordar do ruidoso apelido.
Agora, na Catedral, eu celebro a primeira missa de domingo às sete e meia. Chego antes, por volta de seis e quinze. Com tempo para oração da manhã, uma repassada nos textos litúrgicos e uma curta meditação que faço aos agentes da celebração eucarística. Há cerca de dois meses, eu é que me vejo dando motivo para esta missa fazer-se conhecida pelo hilário nome. Com a Catedral ainda vazia, minhas ruidosas explosões bronquiais por pouco não sacodem as paredes. Ainda bem que são de concreto.Continue lendo ›

Crônica

Lições de futebol

Do padre Orivaldo Robles:
Sabe aquela propaganda do bancário que cresceu ao lado do amigo e, para cada etapa que cita, vai repetindo: “Ele, titular; eu, banco”? Fosse comigo, a frase seria: “Ele, titular; eu, gandula”. Nem banco seria. Futebol, devo admitir, nunca foi exatamente minha praia. Apesar de eu ter sido fominha por bola e jogar o mais que podia. Foi o único esporte que pratiquei. Mas, se tivesse cometido a burrice de tentá-lo profissionalmente, na certa morreria de fome. Em campo fui sempre ponta-direita. Daqueles antigos, que vestiam a camisa sete, carregavam a bola até à linha de fundo e cruzavam, na esperança de que aparecesse alguém na área para mandá-la às redes. Tive desempenho medíocre, reconheço. Marquei também gols importantes. Menos, porém, do que se contam nos dedos das mãos.Continue lendo ›

Crônica

Por que a criança chora?

choro
Do padre Orivaldo Robles:
Memória de idoso é uma encrenca. Sem mais nem menos, revolve lá no fundo e desentoca coisas que ninguém conhece ou recorda. É o caso do exemplo a seguir. Sem esforço e com assiduidade, me vem à cabeça uma canção encontrada num dos meus velhos LP nos quais, por falta de tempo ou por comodismo, faz séculos que não mexo. Aos menos vividos acho bom esclarecer que LP é abreviatura de “long playing”. Designa um antigo disco, dito de vinil, que talvez tenham visto em figura. Nele eram gravadas normalmente doze melodias. Foi o sucessor do disco de 78 r.p.m. (rotações por minuto). Por causa do tamanho, também este, mas especialmente o outro, recebe hoje o apelido de bolachão. O LP apareceu na fase anterior ao CD, ou “compact disc”. Entendo que para nossos atuais garotos CD também não queira dizer nada. É coisa do tempo do onça.Continue lendo ›

Crônica

Um inculto e nobre amigo

Do padre Orivaldo Robles:
padreorivaldoNenhum professor de História poria no filho o nome de Teglatfalasar, Vercingétorix ou Nabucodonosor. Na certa compraria briga com a mulher e pretexto para o divórcio. Contudo, de vez em quando, nos assustam nomes que mais parecem palavrões. Onde os pais os descobriram? E por que marcaram assim os filhos para o resto da vida?
Em Jales (SP), no meu segundo ano escolar, em 1949, transferido não sei de onde, entrou em minha sala um colega chamado Heliobas (com “o” fechado). Bizarro, sem dúvida, o nome; mais bizarro o dono. Não se via, entretanto, no grupo escolar inteiro, um estudante que lhe negasse a mais rasgada simpatia. Era uma figura rústica, quase selvagem. Continue lendo ›

Memória

“Finíssima dama”

Do livro “A Igreja que brotou do mato”, do padre Orivaldo Robles:

Dirce de Aguiar Maia
Dirce de Aguiar Maia

Dom Jaime encontra-se com o prefeito Américo Dias Ferraz (1957-1961) a caminho de reunião que o alcaide estava para fazer com os vereadores na Câmara Municipal. Com a confiança que tem no amigo, Américo mostra-lhe dois revólveres: “Vou colocar em cima da mesa para discutir com eles. Quero ver quem vai ter peito de me enfrentar”. O bispo pede que lhe entregue as armas e vá de mãos limpas. Insiste, mas nada consegue. O prefeito é osso duro de roer. Mineiro matuto e turrão, pouco lhe importa agradar ou não as pessoas. Cultiva, por isso, inimizades ferozes. Pioneiros recordam a surra de “guaiaca” que, numa barbearia, levou de Aníbal Goulart Maia acompanhado de dois jagunços. Ou de “guasca”, dada por desconhecidos, a mando de Aníbal, segundo outra versão. Por vingança, uma turba ensandecida ateou fogo à casa do desafeto. Para desespero da esposa, Dirce de Aguiar Maia, primeira professora de Maringá e finíssima dama, móveis, documentos, roupas, livros, obras de valor, até os presentes das crianças comprados para o Natal que se aproximava – tudo foi consumido, num incalculável prejuízo à família. Episódios dessa natureza deixavam angustiada a pobre mãe do bispo ao descobrir em que mundo o filho agora vivia.

Crônica

Irmãs deixam o Albergue

Do padre Orivaldo Robles:
padreorivaldo“Desde o final dos anos 40, praticamente desde seu nascimento, a cidade de Maringá acostumou-se com o espetáculo de gente indo e vindo em busca de emprego. No início, eram trabalhadores rurais, sem outra qualificação além dos próprios braços, atrás de alguma colocação nas muitas propriedades de café que se abriam com a derrubada do mato. Perambulavam pela cidade e, como não dispunham de dinheiro, também não conseguiam hospedagem nos poucos hotéis existentes. Ao chegar, dom Jaime encontrou funcionando na cidade um “albergue”; na verdade, modesta hospedaria de madeira sem conforto, mantida pelo poder público estadual, onde os necessitados recebiam atendimento sofrível. Condoído dessa parte infeliz do seu rebanho, em 1958 iniciou entendimentos com os responsáveis do FATR – Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural, precursor do Funrural, sobre a possibilidade de transferir para a Igreja Católica o cuidado da instituição. Continue lendo ›

Crônica

Padre Makiyama

Do padre Orivaldo Robles:
Seu nome brasileiro era Pedro. Em verdade, chamava-se Watar. Mas para nós sempre foi o Makiyama. Nome japonês comum para alguém muito pouco comum.
Deus sabe de que forma se manifestou a vocação em sua vida. E como foi difícil realizá-la. Na adolescência teve a ideia de ser padre. Mas jesuíta, como São Francisco Xavier, missionário na Índia e no Japão. Só que precisava trabalhar na roça para ajudar a família. Levou tempo até entrar na Escola Apostólica de Nova Friburgo (RJ), onde os jesuítas começavam a preparação dos seus candidatos. A pouca base escolar do Norte do Paraná dificultou-lhe acompanhar o estudo puxado. Penosamente, seguiu até à Filosofia, em Belo Horizonte. Foi aconselhado, porém, a desistir. A se tornar religioso, mas irmão leigo. Não concordou. Voltou ao Paraná.
Procurado, Dom Jaime o acolheu e encaminhou a Curitiba para os quatros anos da Teologia, etapa final da formação de padre. Foi nessa fase que se tornou companheiro de seminário, meu e do Almeida.Continue lendo ›

Crônica

Tempos difíceis

Do padre Orivaldo Robles:
Conheci homens e mulheres que enfrentaram vida duríssima. Ganhavam o sustento com o suor do rosto. Suor de todo o corpo. Tive chance de contemplar homens vestidos com o que parecia baixeiro de cavalgadura. Com andar trôpego de canseira, com pés mal defendidos por alpercatas desfiadas. Famílias inteiras davam na roça um duro danado. Saíam antes do nascer do sol para retornar perto do escurecer, quase noite. Até crianças trabalhavam. Melhor serviço pouco na lavoura do que muita confusão em casa.
Nossa família foi exceção. Só o pai compreendia que meninos deviam estudar. Os tempos eram outros. Ou, na época, a pobreza se espalhava por todo o lado. Em casa, não tínhamos razões de queixa. Ainda que fosse o pai o único envolvido de fato nos cuidados do café, monocultura da região. Pela manhã, íamos à escola. No conforto de um ônibus de linha. Nem sempre sentados, porque, em certos dias, ele já vinha lotado de Araçatuba. Continue lendo ›

Crônica

Aprendendo com Brecht

Do padre Orivaldo Robles:
Campanha eleitoral é boa ocasião para reler “O analfabeto político”, de Bertolt Brecht (1898-1956). Diz a conhecida página do dramaturgo, poeta e romancista alemão: “O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, os preços do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nascem a prostituta, o menor abandonado, o assaltante e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais”. O texto refere-se à política de nível federal. Mas aplica-se também ao município, que é onde vivemos e onde tudo começa.
Ilude-se quem diz não dar atenção à política. Como se fosse possível viver sem ela. Ela nos envolve inteiramente como o rio envolve o peixe. Toda ideia, toda palavra, todo cálculo, toda decisão, todo gesto de uma pessoa traz em seu bojo uma postura política. Quem concebe política como o conjunto de ações voltadas exclusivamente à conquista e ao exercício do poder, de política não entende nada.Continue lendo ›

Crônica

Ao pai, no seu dia

Do padre Orivaldo Robles:
Nem bem eu tinha ganhado a calçada, desceram à minha frente. Com o carro estacionando, escutei, lá dentro, uma gostosa risada da menina. Franca mostra de alegria e tranquilidade. Que a ouvissem todos que andavam por perto. Ela não se importava. Saltou do carro, deu a volta e se juntou ao pai. Com ambas as mãos agarrou-lhe o braço, aninhando no seu ombro esquerdo a cabeleira castanha e basta. Continuou falando alto e rindo à vontade. Caminhava enroscada nele, com gosto e feliz. Confiança total da parte dela, ternura imensa da parte dele. Perfeito quadro para um comercial de TV sobre amor entre pai e filha. Ele, na idade que imagino a mais gostosa de ser pai. Pelos quarenta e cinco anos, pouco mais, pouco menos. Tinha, há muito, vencido os temores do início. A fase do garotão assustado, que não sabia cuidar de um bebê, mas tinha vergonha de confessá-lo. Ela, nos seus quinze, trilhava bem no meio a estrada chamada adolescência que, em tantos casos, separa pais e filhos.Continue lendo ›

Crônica

Nossas origens

Do padre Orivaldo Robles:
Em todas as edições o vestibular traz à nossa cidade um bando de jovens num colosso de ônibus de várias procedências. Alguns (ônibus, não estudantes) tornaram-se fregueses de nossas ruas e avenidas. A cada vestibular aparecem de novo. Sinto um prazer infantil em admirá-los. Sua elegante beleza é um convite a viajar para lugares desconhecidos. Lembram meu tempo de criança. Eu nem sonhava com outra forma de viajar que não de ônibus. Naquele tempo eles eram diferentes. No interior em que vivíamos, ônibus era uma gaiola comprida na qual se enfiavam quantos infelizes coubessem. Às vezes, até mais do que cabiam. Levados por centenas de quilômetros, o tempo parecia não ter fim. Conforto, nenhum. Espremidos no meio de sacos de mantimentos, de pacotes, quando não de frango ou de leitãozinho peado, os passageiros suavam como tampa de chaleira. Mães com nenê sofriam o que não sonhavam haver de sofrimento. O ambiente recendia a vestiário de futebol em tarde de dezembro. Só a necessidade fazia embarcar em tal carroção motorizado.
Agora, tudo é diferente. A vida mudou para melhor. Continue lendo ›

Leitura

Livro de Robles será lançado em agosto

Será lançado na segunda quinzena de agosto o livro “Celeiro Desprovido”, coletânea com 117 crônicas e artigos da lavra do monsenhor Orivaldo Robles. A publicação trará textos escritos desde 1995, publicados em dois boletins mensais da igreja (Santa Menina e Maringá Missão). A edição será do Colégio Nobel (o diretor Carlos Anselmo foi quem convenceu Robles a fazer o livro).

Crônica

Parece mentira

Do padre Orivaldo Robles:
“Como prometido antes da eleição, o presidente do Uruguai José (Pepe) Mojica ainda mora em sua pequena fazenda em Rincón del Cerro, nos arredores de Montevidéu. A moradia não poderia deixar de ser modesta, já que o dirigente acaba de ser apontado como o presidente mais pobre do mundo. Pepe recebe 12.500 dólares mensais por seu trabalho à frente do país, mas doa 90% de seu salário, ou seja, fica somente com 1.250 dólares ou 2.538 reais, ou ainda 25.824 pesos uruguaios. O restante do dinheiro é distribuído entre pequenas empresas e ONGs que trabalham com habitação.
‘Este dinheiro me basta, e tem que bastar porque há outros uruguaios que vivem com menos’, diz o presidente. Aos 77 anos, Mujica vive de forma simples, usando as mesmas roupas e desfrutando a companhia dos mesmos amigos de antes de chegar ao poder. Continue lendo ›