A vida do advogado
ao longo dos anos

Advogado

Por conta do Dia do Advogado:

* Advogado recém formado – Escuta balada. Acha o Poder Judiciário algo fantástico e fica impressionado com tudo. Acredita que o juiz trabalha muito. E que servidor grosseiro é uma exceção. Os processos são morosos, por causa de uma conjuntura nacional -, mas esclarecendo aos clientes, eles entenderão. Os cartórios são simpáticos e os funcionários geralmente sorridentes.

* Advogado depois de um ano – Escuta ´música house´. Está tão empenhado no trabalho que não sabe se está chegando ou indo embora… vive no foro. Analisa processo, já acha que o juiz “daquela causa” não é tão inteligente, por não entender aquela lei nova. Mas tudo é irrelevante. Adora ser advogado.

* Advogado depois de dois anos – Escuta ´heavy metal´. O seu dia de trabalho inicia às 8h, e acaba às 20h. Começa a sonhar com prazos, agravos de instrumento, apelações, passa a ter visões estranhas e se aborrece com o foro, já que muitos de seus processos não andam. Não acredita que no RS existam “juízes T-Q-Q” (que só trabalham às terças, quartas e quintas), porque, afinal “essas coisas acontecem só no Estado da Paraíba”.

* Advogado depois de quatro anos – Escuta ´hip hop´. Engordou por culpa do estresse. Aguarda ansiosamente que o Poder Judiciário faça o trabalho corretamente. Greves na Justiça do Trabalho não mais abalam. Já atura ser mal tratado por funcionários de cartórios ou aguardar até uma hora para fazer uma audiência porque o juiz ainda não chegou por estar preso num “inesperado” congestionamento entre São Leopoldo e Canoas.

* Advogado depois de oito anos – Escuta ´música rap´. Tem dor de cabeça, esqueceu do significado de “bom dia”, se sente como se tivesse acabado de cair da cama e toma meia dúzia de cafezinhos por dia. Sente-se mal antecipadamente sempre que tem que ir a determinadas Varas da Fazenda. Já não tem paciência para muita coisa e quer que certos servidores do foro, o juiz e o tribunal explodam… Está desiludido porque vai chegar mais um final de ano sem que o Congresso tenha votado o projeto de lei que restabelece 30 dias de férias por ano para os advogados (afinal, magistrados e promotores têm dois meses de descanso, fora os feriadões e o recesso da Justiça Federal). Menos mal que a OAB-RS tem conseguido suspensões de prazos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro.

* Advogado depois de doze anos – Escuta ´techno´, está completamente maluco e não sabe definir o que é real e o que é imaginário. Enquanto espera a assinatura de um alvará de honorários prometido para o final da tarde de uma sexta-feira, o passatempo é sentar no bar próximo ao foro. Até acha engraçado que cada magistrado tenha suas próprias leis e seus próprios códigos. Fica lendo jurisprudência, mas não entende a divergência de julgados em casos iguais. Já acredita que existe “lobishomem”. Não sabe o que houve para causar a guinada dada pelo STJ nos casos das ações contra a Brasil Telecom. E já aceita como natural ser informado, ao voltar ao cartório, que, “como hoje é sexta, o juiz não veio e o seu alvará será assinado na próxima semana, na segunda ou terça”.

(Via Espaço Vital)

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