Tratamento da menopausa

Por João Batista Leonardo:

A correção dos distúrbios da menopausa pode ser feita por um conjunto de atitudes, variando muito segundo a análise individual de cada paciente. Partindo do princípio que a menopausa, comumente ocorre entre os 46 e os 56 anos e que os distúrbios podem continuar por mais tempo, o posicionamento do ginecologista não pode ser único. Cada caso tem que ser visto de per si.
Basicamente, a assistência da mulher no climatério é norteada nos fatores: A- Hormonal, B- Psicológico e C- Orgânico.

FATOR HORMONAL
Começo aqui com a afirmação que terminei o artigo de domingo passado: “Partindo do princípio que, os hormônios femininos são tão importantes para a mulher e, tudo que ela tem de feminino, deve aos hormônios, a diminuição ou a falta deles é um verdadeiro TRANSTORNO na vida dela. Assim pensando eu acho que todas as mulheres durante o climatérico devem ser acompanhadas e devem fazer a reposição hormonal, respeitando evidentemente, as indicações e contra indicações de cada uma”.
Pura realidade. A reposição hormonal seria repor aquilo que acabou. Seria dar continuidade física, sexual e psicológica à mulher, para que ela possa continuar exercendo seu papel de grandeza no meio da sociedade e da família.
Na evolução da medicina a hormonioterapia passou por várias fases e conceitos e ainda hoje não é consenso. Existem muitos tipos de hormônios e fármacos com ação hormonal. Podem ser usados por vias, oral, injetável, transdérmica e transvaginal. Tanto a via de uso como os tipos dos hormônios e, principalmente, as dosagens variam muito de acordo com a preferência e necessidade de cada mulher, visto que a necessidade de uma para outra é variável. Tanto a falta quanto o exagero são prejudiciais. O hormônio e a dosagem que serve para uma mulher podem ser prejudiciais à outra. Eles são diferentes bem como as drogas que têm efeitos hormonais. É evidente que um hormônio indicado para uma menopausada de 48 anos será diferente à outra de 65 anos. É questão de parcimônia.
Os hormônios estão contra indicados em todas as mulheres propensas ao câncer de mama e do útero, nas portadoras de varizes ou com história de tromboembolismo, na hipertensão arterial grave, nas cardíacas e em outras doenças graves.
É afirmação entre a população que os hormônios femininos causam câncer. Se isso fosse verdade, todas as mulheres teriam câncer. Na verdade somente, nas mulheres geneticamente, tendentes ao câncer de mama e do útero, é que eles simplesmente, aumentam a propensão. Não são a causa primaria de câncer.
Embora, os hormônios femininos são os rejuvenescedores da mulher menopausada, toda reposição deve ser criteriosa e em entendimento com a paciente, tanto na qualidade, como na balança risco benefício.
O controle da paciente deve ser periódico e nenhuma mulher deve tomar qualquer hormônio sem a supervisão médica.

FATOR PSICOLÓGICO.
É muito comum a mulher no climatério se queixar de depressão, irritabilidade, insônia e ansiedade.
Os hormônios costumam melhorar essas queixas. Além disso, o ginecologista pode ajudar as pacientes mostrando os valores da vida. Imprimir o otimismo e orientar as pacientes a olhar a vida pelo lado bom e cientificá-las que as soluções sempre existem. Mostrar que é importante se valorizar, proteger a autoestima, cultivar boas amizades, participar de atividades sociais. Fazer-se necessária é ganhar admirarão e a vida ficará melhor. Se tiver distorções de convivência familiar ou profissional dialogar e forçar o entendimento. O diálogo é fundamental, ajusta a vida profissional, conjugal e familiar..
Na falta do uso hormonal ou quando a sintomatologia é intensa, faz-se necessário o acompanhamento com psicólogos.

FATOR ORGÂNICO.
Quanto à alimentação. Tem que ser bem equilibrada e baseada na ingestão de proteínas, vitaminas e sais minerais. Esses elementos são encontrados em abundância, nas carnes, leite e derivados, ovos, frutas, verduras e legumes. Das carnes, excetuando o frango de granja e os peixes de lagoa, todas são ótimas, desde que não muito gordas, que tenham boa origem e que sejam inspecionadas. Alimentos que devem ser preparados sem frituras e podem ser consumidos à vontade sem o perigo de engordar.
É preciso evitar os carboidratos e os alimentos gordurosos, porque são muito calóricos e que aumentam o colesterol e engordam, principalmente o abdômen, sendo quase dispensáveis à saúde da mulher madura. O valor da nutrição está no equilíbrio dos alimentos e na qualidade e, não na quantidade. É bom comer devagar e mastigar bem, isto melhorará a digestão e a plenitude alimentar se dará com menor quantidade de alimento.
Quanto aos costumes. Na menopausa, mais que em outras fases da vida, o organismo deve ser protegido por uma vivência cuidadosa quanto à higiene pessoal, regularidade no trabalho e descanso. Obedecer a orientação médica. Os remédios devem ser tomados corretamente. Há necessidade de evitar excessos de bebidas alcoólicas, drogas e fumo. Usar calçados e roupas confortáveis, arejadas e leves.
Fazer exames médicos e de prevenção periodicamente. Prestar atenção nos sinais de alerta como: perdas de sangue por qualquer via seja, pelas fezes, cavidades, urina, vagina. Aparecimento de nódulos, tosse e rouquidão. Dores no corpo e qualquer alteração funcional do organismo.
É imperioso gastar a energia, buscando o “equilíbrio”, pelo movimento corporal como, caminhadas, ginástica, musculação, natação, pilates e prática de esportes. Nada mais seria senão, pôr o corpo para, SUAR. Essas atividades constantes gastam as energias, queimam as gorduras, reforçam a musculatura e consequentemente, melhoram a resistência orgânica. Além disso, a “Prática de Suar”, favorece o contato com outras pessoas e com a natureza, melhorando a sociabilidade, o que torna os problemas menores.
O conjunto dessas atitudes ajuda o equilíbrio físico-psicológico.

Finalmente.
A mulher é muito importante na sociedade e é pilastra de sustentação da família. É preciso que tenha autoestima, que esteja bem com seu organismo e com suas emoções para que possa atender bem seus desígnios, como: dona de casa, mãe, companheira, amante e profissional. A mulher tem de ser avaliada num todo e não só num ou outro ângulo, como varizes, mama, hipertensão, etc.
Não tenho dúvida que o climatério é um período difícil para a mulher, porém a reposição hormonal e a assistência médica adequada ajudam em muito a superação e aceitação.
Também, ter a espiritualidade ajustada cotidianamente é muito importante porque onde está Deus estão as soluções, o conforto e os caminhos.
Enfim, o climatério é aceitar os frutos das sementes plantadas ontem é, oportunidade de ensinar experiências, postar-se perante o mundo na continuidade e sorrir na gratuidade de viver até aqui. Desejo ardente e impossível de tantas que já se foram.
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(*) João Batista Leonardo é médico e escritor em Maringá. Originalmente publicado no Jornal do Povo

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