A difícil arte de ser cadeirante

De Cezar Lima:
Pela segunda vez em minha vida, volto a ser “cadeirante” A primeira vez foi quando sofri atentado criminoso pelo “homi”, o “fazendeiro do Pirapó” em 13/12/97, isto passados14 anos. Fiz inúmeras cirurgias e, muito queimado, não conseguia mais andar e fiquei cerca de cinco meses atrelado a uma cadeira de rodas. Foi um período difícil e de muitas adaptações que, graças a Deus, superei. Agora, voltei a ser cadeirante e sem uma das pernas, a esquerda. Confesso, é uma barra muito pesada! Antes, fui cadeirante, com duas pernas e agora, estou amputado por decisão própria e necessidade médica. A situação agora é outra. Mais complexa. A começar, digo, uma perna, faz uma falta danada: o corpo fica sem equilíbrio e até para dormir é uma dificuldade danada, principalmente na hora de virar de lado. Outra coisa, é quando dá “aquele desespero” de vontade de ir ao banheiro! – temos que refrear a vontade, sair do leito quietinho, sentarmos na cadeira e ir a toda velocidade. A residência em que resido, foi totalmente adaptada com rampas para cadeirante e ai fico pensando e aqueles outros cadeirantes que não tem as regalias que tenho? – por exemplo, tenho veículo e motorista para me locomover e trabalhar. Mas e aqueles que dependem da caridade para sobreviverem e são obrigados a serem transportados por ônibus? Outra coisa: se você acha que tem muitos amigos e sente necessidade de vê-los, você tem que ir atrás deles, pois com raras exceções, eles desaparecem de sua vida. Eu posso afirmar: sou um cadeirante feliz e em tudo dou graças, pois nada me tem faltado. Consigo suprir todas as minhas necessidades, trabalhando muito! Nunca trabalhei tanto como agora) e ficar horas e horas, sentado em uma cadeira que lhe tolhe os movimentos, é terrível! E, eu ouvia falar da “falta de acessibilidade” sem saber realmente o que era isso e ai, cadeirante, passei a descobrir falta de rampas nas calçadas e quando você as encontra, estão bloqueadas, ou por carros, por motos ou entulhos os mais diversos; restaurantes, a maioria sem acessibilidade aos “WC”, onde você não consegue nem lavar as mãos”, e há escritórios, com portas tão diminutas que não consigamos entrar na porta. São muitas as situações negativas aos cadeirantes. Mas uma coisa, existe de monte: solidariedade!, pois encontramos pessoas as mais diversas que oferecem-se a empurar nossa cadeira e a perguntar: “no que podemos ajudar?”. Mas naturalmente aqueles que se não tomarmos cuidado, passam encimam da gente, colocam o dedo para fora e mandam “tomarmos caju”. Sou um homem e cadeirante feliz, em tudo dou graças e sei que Deus não me desampara, quer seja na Fé ou nos proventos para minha subsistência e inda mais que, preparo-me para colocação da prótese que me permitirá novamente sentir o prazer de andar, caminhar pelos lugares que tanto amo e ir confortar-me no “campo santo”, levando flores aos meus queridos ais e familiares! Enquanto hospitalizado, recebi honrosas visitas que acrescentaram algo mais a minha vida: Deca – prefeito de Marialva, que se fez acompanhar do Perine e de sua esposa Dulce – secretária de saúde de Marialva; Antonio Fuentes – prefeito de Floresta; jornalistas Verdelírio Barbosa (com inestimável colaboração financeira) e Angelo Rigon; Janine de “O Diário”, sempre telefonando, incentivando e alimentando a minha alma de jornalista; Dra. Lizandra Gallo Bornia e de sua mãe e mãe de minha filha, Eunice Gallo; dos amigos do Jd. Planalto: Pedrinho e Lourenço, sem logicamente deixar de agradecer médicos, enfermeiras e pessoal de apoio do “melhor hospital municipal da região”” o “Santa Maria”, localizado em Floresta. Posso afirmar com conhecimento: na devida proporção (floresta tem 6 mil habitantes) o “HU”, perde com larga margem de distância!, destaco telefonemas de pessoas amigas de Maringá (especialmente doutor Sidnei Meneguetti e a prestimosa equipe do federal Luiz Nishimori), Sarandi, Apucarana, Brasília (mas não foi a Dilma), Astorga (Sergio Mascarenhas – Homem de Imprensa, prestativo e sempre amigo, Terra Rica, Curitiba (Beto Richa e seu fiel “escudeiro” Jurandir de Oliveira). Sou uma pessoa e cadeirante feliz, por muitos que rezaram e oraram por mim: Ana Fracaro e a missionária Marta Martins e ainda de Marialva, não posso deixar de destacar Alice e esposo Tuta – que telefonaram, perguntando: “o que sente vontade de comer?” e na minha resposta, certo dia, apareceram com comidinha feita no capricho: arroz, feijão, carne moída e salada de alface” , era tudo o que eu mais queria, foi verdadeiro banquete! Sou um homem e cadeirante feliz, acordo todos as manhãs com meu netinho Augusto (2 aninhos) me chamando e falando: “Vovô, vamos fazer café” e tenho a honra de todos os dias, amanheceres e noites, domingos e feriados, de ter a amorosa companhia de minha única filha Luana Gallo de Lima Lopes – o melhor Anjo que Deus Colocou em minha vida. Haja felicidade no coração e na alma, sempre agradecido por tantas e múltiplas Bênçãos!

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